Teste DNA-HPV no SUS: nova incorporação para rastreamento de câncer cervical
- paposbiomedicos
- 2 de mai.
- 4 min de leitura

No Brasil, cerca de 16 mil mulheres são diagnosticadas por ano com câncer de colo de útero, o principal problema de saúde pública consequente da infecção pelo papilomavírus humano (HPV). O câncer cervical também representa a principal causa de morte em mulheres adultas em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Por décadas, o Papanicolau (PCCU) foi a principal ferramenta de rastreamento para o câncer de colo uterino, mas seus desafios, como realização em periodicidade inadequada e diagnósticos tardios, persistem.
Uma nova esperança surge: o teste DNA-HPV, agora no SUS, promete revolucionar a detecção precoce do vírus. Descubra como essa mudança impactará a prevenção do câncer de colo do útero e como você pode se beneficiar dessa tecnologia.
O que é a pesquisa de DNA-HPV?
Em diversas publicações científicas, incluindo o estudo brasileiro publicado na revista The Lancet, a pesquisa de DNA-HPV demonstrou ser mais eficaz do que os métodos de triagem comumente usados atualmente para detectar e prevenir o câncer do colo do útero. Portanto, as evidências científicas apoiam os testes de DNA-HPV como o principal método de triagem para mulheres com 30 anos ou mais.
Existem mais de 150 cepas de HPV, mas, atualmente, somente 2 (HPV-16 e 18) são consideradas de alto risco e responsáveis por mais de 70% dos casos de câncer. Quando detectada precocemente, a infecção pelo HPV pode ser tratada.
As técnicas moleculares podem ser amplamente utilizadas, incluindo técnicas de amplificação do DNA, como a reação em cadeia da polimerase (PCR). Na PCR, uma sequência alvo de um gene é ampliado, fornecendo amostras concentradas de uma sequência genética específica. Nesse caso, o DNA do HPV é ampliado em uma amostra positiva para o vírus, sendo a técnica mais utilizada para a detecção e genotipagem do HPV.
Como ele é feito?
O rastreamento com o teste DNA-HPV é recomendado para mulheres e indivíduos com útero a partir dos 30 anos, com um intervalo de 3 a 5 anos entre os exames. No entanto, é crucial que pessoas com diagnóstico de HPV positivo ou com sistema imunológico comprometido, como indivíduos vivendo com HIV, realizem o teste com maior frequência e em intervalos mais curtos, conforme orientação médica.
O procedimento de coleta é similar ao do exame de Papanicolau, realizado em consultório ginecológico. Durante a consulta, o médico ou profissional de saúde utiliza uma escova ou espátula para coletar células do colo do útero. Essa amostra é então acondicionada em um meio líquido específico e enviada para análise laboratorial.
No laboratório, técnicas de biologia molecular, como a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), são utilizadas para detectar o DNA do HPV na amostra coletada. O teste é capaz de identificar até 14 genótipos de HPV, incluindo os de alto risco (16 e 18), que estão fortemente associados ao desenvolvimento de câncer de colo do útero.
Caso o teste detecte a presença dos genótipos 16 ou 18, o médico poderá recomendar a realização de um exame de colposcopia. A colposcopia é um procedimento que permite visualizar o colo do útero com um microscópio especial, identificando possíveis lesões pré-cancerígenas ou cancerígenas. Se necessário, uma biópsia poderá ser realizada durante a colposcopia para confirmar o diagnóstico.
Vantagens do exame de DNA-HPV
As vantagens do teste DNA-HPV incluem:
Alta sensibilidade: permite a detecção precoce de lesões pré-cancerosas (NIC II e III), com resultados confiáveis mesmo em intervalos de rastreamento de 5 anos.
Melhor diagnóstico de lesões glandulares: supera a citologia cervical tradicional na identificação de adenocarcinomas.
Eficiência operacional: o tipo de coleta da amostra possibilita a realização do exame citológico convencional na mesma amostra, caso o teste DNA-HPV seja positivo, otimizando tempo e recursos.
Resultados reprodutíveis e treinamento rápido: facilidade na padronização e interpretação dos resultados laboratoriais.
Incorporação do DNA-HPV no SUS
A incorporação do teste DNA-HPV no Sistema Único de Saúde (SUS) representa um avanço significativo na prevenção do câncer de colo do útero no Brasil. Essa mudança, oficializada por meio da Portaria SECTICS/MS nº 3, de 07 de março de 2024, marca a substituição gradual do exame Papanicolau pelo teste de DNA-HPV como método de rastreamento primário.
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) divulgou uma nota técnica que fornece orientações aos gestores do SUS sobre a transição para o novo método de rastreamento. Essas notas técnicas detalham os protocolos de implementação, os critérios de elegibilidade para o teste e os fluxos de encaminhamento para colposcopia e tratamento.
Os principais objetivos da incorporação do teste DNA-HPV no SUS são:
Reduzir a incidência e mortalidade por câncer de colo do útero no Brasil.
Otimizar o uso de recursos no sistema de saúde.
Garantir o acesso a um método de rastreamento mais preciso e eficiente para todas as mulheres.
Essa incorporação representa um passo importante na saúde da mulher no Brasil, alinhando o país com as diretrizes internacionais de prevenção do câncer de colo do útero.
Informação também é prevenção, compartilhe com seus familiares e amigos as novidades sobre o novo teste DNA-HPV!
Fontes:
Organization of cervical cancer screening with DNA–HPV testing impact on early–stage cancer detection: a population–based demonstration study in a Brazilian city. The Lancet Regional Health - Americas, 2022.
WHO recommends DNA testing as a first-choice screening method for cervical cancer prevention. World Health Organization (WHO), 2021.
Guidelines for HPV-DNA Testing for Cervical Cancer Screening in Brazil. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, 2018.
Transition from opportunistic cytological to organized screening program with DNA-HPV testing detected prevalent cervical cancers 10 years in advance. Nature - Scientific Reports, 2024.
Comments